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Publicada em 24 de Abril de 2024 às 19:26

Após três pregões de queda, dólar volta a subir

Moeda encerrou cotada a R$ 5,2502, avanço de 0,12%

Moeda encerrou cotada a R$ 5,2502, avanço de 0,12%

Arte/Jc
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Agência Estado
Após três pregões seguidos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,28%, o dólar à vista avançou nesta quarta-feira, 24, e voltou a se aproximar do nível de R$ 5,15 no fechamento. Investidores aproveitaram nova onda global de fortalecimento da moeda americana e de alta das taxas dos Treasuries para realizar lucros e ajustar posições no mercado doméstico.Apesar das preocupações com o quadro fiscal doméstico, em meio aos esforços do governo para barrar a chamada pauta-bomba no Congresso, o ambiente externo teve papel preponderante na formação da taxa de câmbio. Dados de encomendas de bens duráveis nos EUA em março acima do esperado anularam o efeito da leitura mais amena ontem dos PMIs da S&P Global em abril - e deram força à expectativa de apenas uma redução da taxa de juros pelo Federal Reserve neste ano.Com máxima a R$ 5,1718, pela manhã, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 24, em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,1482. Na semana, a moeda agora apresenta baixa de 0,98%. Em abril, contudo, ainda acumula valorização de 2,65%.O real, que vinha apresentando desempenho inferior a de seus pares, hoje sofreu menos que os pesos mexicano e colombiano, além do rand sul-africano. Destaque para nova rodada de alta do peso chileno, que se recupera em abril das perdas pesadas ao longo do primeiro trimestre graças à alta firme dos preços do cobre."Temos hoje um dia de mais estresse nos juros americanos, com as taxas dos Treasuries para cima, o que acaba fazendo o dólar subir. O ambiente é de volatilidade com a expectativa pelo PCE nos EUA, que sai na sexta-feira", afirma o especialista Wagner Varejão, da Valor Investimentos, em referência ao índice preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Fed. Amanhã, sai a primeira leitura do PIB americano no primeiro trimestre.Em evento hoje, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a defender a postura da autarquia de não intervir no mercado de câmbio na semana passada, quando o dólar à vista se aproximou de R$ 5,29. Ecoando o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Galípolo disse que o BC deixou que a taxa de câmbio absorvesse a reprecificação global de ativos, com fortalecimento global do dólar diante da perspectiva de taxa de juros elevada por mais tempo nos EUA.Galípolo defende que o BC adote "parcimônia e serenidade" e evite reagir rapidamente à variação de preços de ativos e seu impacto sobre a inflação. "A gente não tem meta de diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente tem meta de inflação, que vem se comportando bem", disse.Em Brasília, as atenções se voltam à pauta econômica, com envio dos projetos de lei da reforma tributária ao Congresso e a tramitação de propostas que podem implicar aumento de gastos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu uma boa notícia ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que a chamada PEC do Quinquênio, com impacto estimado pelo governo em R$ 42 bilhões, não tem chance de prosperar na Casa. A PEC é patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e representa um dos principais projetos da pauta-bomba."Após uma semana tensa em torno da revisão da meta fiscal, o cenário político local se mostra um pouco mais calmo com a aproximação entre governo e Congresso. Lula aprovou o texto da regulamentação da reforma tributária e ressaltou a importância da boa relação entre os poderes", afirma o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, que vê o dólar rodando entre R$ 5,10 e R$ 5,20 até a divulgação do PCE, nos EUA, na sexta-feira.
Após três pregões seguidos de queda, em que acumulou desvalorização de 2,28%, o dólar à vista avançou nesta quarta-feira, 24, e voltou a se aproximar do nível de R$ 5,15 no fechamento. Investidores aproveitaram nova onda global de fortalecimento da moeda americana e de alta das taxas dos Treasuries para realizar lucros e ajustar posições no mercado doméstico.

Apesar das preocupações com o quadro fiscal doméstico, em meio aos esforços do governo para barrar a chamada pauta-bomba no Congresso, o ambiente externo teve papel preponderante na formação da taxa de câmbio. Dados de encomendas de bens duráveis nos EUA em março acima do esperado anularam o efeito da leitura mais amena ontem dos PMIs da S&P Global em abril - e deram força à expectativa de apenas uma redução da taxa de juros pelo Federal Reserve neste ano.

Com máxima a R$ 5,1718, pela manhã, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 24, em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,1482. Na semana, a moeda agora apresenta baixa de 0,98%. Em abril, contudo, ainda acumula valorização de 2,65%.

O real, que vinha apresentando desempenho inferior a de seus pares, hoje sofreu menos que os pesos mexicano e colombiano, além do rand sul-africano. Destaque para nova rodada de alta do peso chileno, que se recupera em abril das perdas pesadas ao longo do primeiro trimestre graças à alta firme dos preços do cobre.

"Temos hoje um dia de mais estresse nos juros americanos, com as taxas dos Treasuries para cima, o que acaba fazendo o dólar subir. O ambiente é de volatilidade com a expectativa pelo PCE nos EUA, que sai na sexta-feira", afirma o especialista Wagner Varejão, da Valor Investimentos, em referência ao índice preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Fed. Amanhã, sai a primeira leitura do PIB americano no primeiro trimestre.

Em evento hoje, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a defender a postura da autarquia de não intervir no mercado de câmbio na semana passada, quando o dólar à vista se aproximou de R$ 5,29. Ecoando o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Galípolo disse que o BC deixou que a taxa de câmbio absorvesse a reprecificação global de ativos, com fortalecimento global do dólar diante da perspectiva de taxa de juros elevada por mais tempo nos EUA.

Galípolo defende que o BC adote "parcimônia e serenidade" e evite reagir rapidamente à variação de preços de ativos e seu impacto sobre a inflação. "A gente não tem meta de diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente tem meta de inflação, que vem se comportando bem", disse.

Em Brasília, as atenções se voltam à pauta econômica, com envio dos projetos de lei da reforma tributária ao Congresso e a tramitação de propostas que podem implicar aumento de gastos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu uma boa notícia ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que a chamada PEC do Quinquênio, com impacto estimado pelo governo em R$ 42 bilhões, não tem chance de prosperar na Casa. A PEC é patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e representa um dos principais projetos da pauta-bomba.

"Após uma semana tensa em torno da revisão da meta fiscal, o cenário político local se mostra um pouco mais calmo com a aproximação entre governo e Congresso. Lula aprovou o texto da regulamentação da reforma tributária e ressaltou a importância da boa relação entre os poderes", afirma o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, que vê o dólar rodando entre R$ 5,10 e R$ 5,20 até a divulgação do PCE, nos EUA, na sexta-feira.

Ibovespa

O Ibovespa seguiu em baixa, sem conseguir acompanhar a virada pontual dos índices de ações em Nova York ao positivo no meio da tarde, em dia de retomada da pressão sobre os rendimentos dos Treasuries após nova leitura, acima do esperado, sobre dados americanos, desta vez referentes a encomendas de bens duráveis. Assim, o índice da B3 caiu 0,33%, aos 124.740,69 pontos, com giro a R$ 20,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,31% e, no mês, cede 2,63% - no ano, perde 7,04%.

Em leve baixa pelo segundo dia, o índice oscilou de 124.555,92 (-0,47%) a 125.472,55, saindo de abertura a 125.149,18 na sessão. O dia foi moderadamente negativo para as ações de maior peso no Ibovespa, à exceção de Vale (ON +1,24%), que divulgará o balanço do primeiro trimestre após o fechamento da B3, nesta noite. As ações de grandes bancos mostraram sinal misto no encerramento, entre -0,44% (Itaú PN) e +0,11% (Santander Unit). O dia foi levemente negativo para Petrobras (ON -0,44%, PN -0,46%), com o petróleo ainda se ajustando à relativa distensão geopolítica no Oriente Médio.

Na ponta ganhadora, destaque para PetroReconcavo (+4,74%), Iguatemi (+2,10%) e Pão de Açúcar (+1,81%). No lado oposto, Petz (-9,51%), Casas Bahia (-4,86%) e Vamos (-4,11%). No fechamento, os índices de Nova York não conseguiram manter o fôlego de recuperação: Dow Jones -0,11%, S&P 500 +0,02% e Nasdaq +0,10%.

A sessão foi marcada por retomada na trajetória de alta dos rendimentos dos Treasuries e, por consequência, na curva de juros no Brasil, com os investidores à espera, ainda nesta semana, de novos dados de peso sobre a economia americana, como a leitura preliminar sobre o PIB do primeiro trimestre e o PCE, métrica de inflação ao consumidor acompanhada de perto pelo Federal Reserve, o BC americano. Na agenda desta quarta-feira, as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos mostraram alta de 2,6% em março, na margem, acima da expectativa de consenso, que indicava avanço de 2% no mês.

"O dia foi de ganho global para o dólar, o que favoreceu nova correção, leve, para o Ibovespa, com os bancos, em parte da sessão, alinhando-se entre as maiores quedas considerando as ações de maior liquidez após as falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo", diz Alex Carvalho, analista da CM Capital.

Na avaliação da Fitch Ratings, os bancos brasileiros enfrentarão contínuos ventos contrários nas receitas devido a novos cortes nas taxas de juros em 2024, reporta a jornalista Marcia Furlan, do Broadcast. O ritmo e a magnitude desses cortes ainda são incertos, mas o aumento das margens líquidas no curto prazo será equilibrado com empréstimos de menor rendimento e crescimento modesto do crédito real, acrescenta a agência de classificação de risco de crédito.

Para Carvalho, da CM Capital, os comentários de Galípolo, nesta quarta-feira, contribuíram para reforçar dúvidas sobre os juros, no sentido de que, ante as incertezas globais e domésticas, o Copom pode optar por ritmo menor, em ciclo possivelmente mais curto, de ajuste na Selic até o fim do ano - especialmente se forem consideradas as mais recentes falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, lidas como 'hawkish', duras, pelo mercado.

Em evento em São Paulo nesta manhã, Galípolo defendeu que o BC mantenha "parcimônia e serenidade" e evite reagir muito rapidamente a variações nos preços dos ativos, ainda que atrase um pouco a sua "função de reação". "Acho importante a gente ter calma, entender como isso vai se desenrolar o processo de reprecificação de ativos, tendo em vista os juros nos EUA, ainda que o risco que você esteja correndo seja o de estar um pouco mais atrasado nesse processo de função de reação", apontou Galípolo, em comentários considerados suaves, 'dovish'.

"A gente não tem meta de diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente tem meta de inflação, que vem se comportando bem", observou o diretor do BC, citando a surpresa positiva no IPCA de março. Mesmo com juro alto e atividade resiliente, há um processo de desinflação global ainda em curso, acrescentou.

"A probabilidade de manutenção dos juros nos Estados Unidos nos patamares atuais por mais tempo e a tendência de alta do índice DXY que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra tornam o cenário mais desafiador", diz Inácio Alves, analista da Melver, destacando também fala de Mario Felisberto, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Santander Asset, de que possível postergação dos cortes de juros pelo Federal Reserve deixa o mercado mais cauteloso, à espera de "redução das incertezas para tomar decisões com menos riscos".

"Os investidores têm demonstrado cautela a partir da alta na expectativa de inflação no Brasil para 2025 e para o PIB em 2024 no Boletim Focus desta semana, de olho agora no IPCA-15 e no PCE de março nos EUA, a serem divulgados na sexta-feira", diz Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital.

Juros

Os juros futuros fecharam em alta firme a sessão desta quarta-feira, influenciado pela puxada dos retornos dos Treasuries especialmente, as de longo prazo, trazendo ganho de inclinação à curva. À tarde, a pressão diminuiu um pouco com a ausência de novidades no cenário internacional e andamento da pauta econômica no Congresso. Internamente, o mercado acompanhou a participação de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, em evento pela manhã, na qual pregou "serenidade" da autarquia frente à reprecificação dos ativos globais.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,350%, de 10,296% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,63% (máxima de 10,67%), de 10,50% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 subia de 10,81% para 10,96%, com máxima de 10,99%. O DI para janeiro de 2029, que na máxima da manhã tocou 11,44%, projetava taxa de 11,42%, de 11,27% ontem.

Nas últimas sessões, o mercado vinha testando uma correção dos excessos na semana passada, mas hoje com o movimento forte dos juros americanos esse processo acabou sendo deixado de lado. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, afirma que os ativos locais têm tido a dinâmica comandada pelo exterior e, nesta semana, especialmente, "o juiz de tudo será o PCE na sexta-feira", ao se referir ao índice de preços de gastos com consumo nos Estados Unidos. "Se vier de 2,80% para 2,70% tende a melhorar muito", diz.

A taxa da T-Note de 10 anos estava em 4,64% no fim da tarde, após chegar perto de 4,67% nas máximas, pela manhã. A alta de 2,6% nas encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos em março superou o consenso (2%) e desencadeou um estresse nas curvas de juros globais. O mercado voltou a reforçar a cautela com relação ao ciclo de corte pelo Federal Reserve, embutindo maior probabilidade a apenas uma redução neste ano.

Em evento em São Paulo, Galípolo lembrou que a permanência do juro americano em níveis altos aumenta a dificuldade na disputa por capital, já que há algum enxugamento da liquidez. Porém, disse acreditar que "mesmo com a reprecificação dos ativos no mundo, o Brasil pode se mostrar como um polo de atração de investimentos".

Para ele, o BC tem de manter a posição de "parcimônia e serenidade" e evitar reagir rapidamente a variações de ativos, ainda que isso possa atrasar um pouco o seu processo de função de reação. "Acho importante a gente ter calma, entender como isso vai se desenrolar, ainda que o risco que você esteja correndo seja de estar um pouco mais atrasado nesse processo de função de reação", disse. Disse ainda que viabilidade de cumprir a meta de inflação do Brasil, de 3%, é um "não-tema" para o Copom. "A meta não é para se discutir, é para se perseguir."

O noticiário da reformas e da área fiscal foi agitado, com destaque para o projeto de lei que vai regulamentar a reforma tributária entregue ao Congresso Nacional. Outro assunto no radar é a possível judicialização da desoneração da folha de pagamentos. A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a lei e também quer que o Supremo declare inconstitucional a decisão de Pacheco de não prorrogar o trecho da Medida Provisória que estabeleceu a reoneração dos municípios. Para a equipe da Warren Investimentos, a ação tem forte embasamento técnico a favor do governo.

Por fim, a perspectiva de desarmamento da "pauta-bomba" de R$ 70 bilhões melhora caso a Câmara não endosse a chamada PEC do Quinquênio, cujo impacto fiscal é estimado em R$ 40 bilhões. O presidente da Câmara, Arthur (PP-AL), disse que a proposta dificilmente prosperará na Casa.

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