Ainda que enfrente desafios significativos em termos de representatividade e igualdade de oportunidades, a presença das mulheres no cenário nacional de inovação e empreendedorismo vêm evoluindo continuamente ao longo dos anos. Atualmente, cerca de 10 milhões estão à frente de 34,4% da empresas no País, tendo o segmento de Serviços responsável pela maior participação feminina (53%), seguidos pelo Comércio (27%), de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/2022).
O aumento da participação feminina na criação de negócios muitas vezes é fruto de inovações por elas próprias concebidas - seja com produtos inéditos, seja com inovações incrementais e igualmente importantes para se diferenciar no mercado. Em estudo recente o Sebrae identificou que, durante a pandemia, as mulheres a frente de empresas foram mais ágeis na adoção de novas tecnologias e criatividade: 11% afirmaram ter inovado em seus negócios durante a crise, enquanto somente 7% declararam ter olhado para esse quesito.
Uma série de fatores contribui para isso, como mais acesso à educação tradicional e também àquela voltada a temas específicos, como educação financeira ou gestão de negócios. Aliado a isso estaria, ainda, mudanças culturais e avanços tecnológicos que facilitam o empreendedorismo. Neste cenário, e complementando o ambiente positivo, têm surgido várias iniciativas destinadas a apoiar e promover empreendedoras, inovadoras e líderes.
Isso inclui programas de mentoria, programas de aceleração de carreira feminina, redes de apoio, fundos de investimento focados em mulheres e políticas governamentais voltadas para a igualdade de gênero no ambiente de negócios. Os ganhos, cabe destacar, recaem sobre toda a sociedade com empregos gerados, ampliação de posições técnicas ou estratégicas ocupadas por mulheres nas organizações, fortalecimento da economia e a entrada no mercado de mais produtos disruptivos, mais acessíveis ou adaptados a diferentes demandas.
A presença feminina no setor de Tecnologia, como profissionais do mercado ou empreendedoras, vem igualmente avançando. De acordo com a PNAD de 2022, as mulheres representavam 20% dos trabalhadores desse setor. É pouco se levarmos em conta que nós mulheres representamos cerca de 52% da população, mas há pouco tempo esse percentual não passava de um dígito.
O fato de tradicionalmente haver menos mulheres em áreas de estudos das ciências exatas e de TI pode ser considerado um limitador para a participação feminina na inovação. A temática "inovação", porém, tem avançado muito e em diversas áreas das organizações, não se limitando apenas às áreas técnicas e de tecnologia ou de Pesquisa & Desenvolvimento.
Hoje, é comum vermos a cultura de inovação sendo fortalecida por todas as áreas das organizações fazendo, assim, com que um maior número de pessoas comece a se relacionar com o tema e se aproximar deste universo - entre as quais, a mulheres. A partir do momento que entendemos que é necessário desmitificar inovação, que ela faz parte do dia a dia de todos e não apenas de uma área específica, se rompe um ciclo importante. Consequentemente, a inovação passa a contar com uma maior participação das mulheres.
Tendência em crescimento dentro das empresas, o intraempreendedorismo, se baseia no estímulo à inovação em toda a organização e em todos os colaboradores, com uma abordagem importante: promover o desenvolvimento interno de novas ideias e negócios. Entre os exemplos de programas e iniciativas que as empresas podem implementar para fomentar o intraempreendedorismo estão hackathons e desafios de inovação aberta, programas de incubação interna, plataformas de ideias e inovação colaborativa e programas de reconhecimento. Podendo, inclusive, mas não necessariamente, ter edições femininas específicas, como forma de colocar holofotes sobre o tema e atrair ainda mais mulheres.
O intraempreendedorismo é um dos caminhos que pode desempenhar um papel importante na inserção das mulheres no mundo da inovação, proporcionando oportunidades de liderança, promovendo a diversidade de perspectivas e ideias, oferecendo suporte ao desenvolvimento profissional e criando uma cultura organizacional mais inclusiva. Alavancar carreiras e ampliar a participação das mulheres em posições estratégicas enriquece o panorama profissional com diversidade de talentos que impulsionam avanços significativos em todas as áreas de conhecimento.
O diálogo sempre será o melhor caminho
Psicóloga e gerente de Pessoas do escritório SCA - Scalzilli Althaus
/Scalzilli Althaus/divulgaçãoImagine estar em seu dia normal de trabalho e, de repente, ser surpreendido com uma notificação no app da carteira de trabalho, dando conta que você foi demitido, sem que a empresa tenha lhe comunicado. É o que tem sido relatado por vários profissionais recentemente, expondo uma enorme falha na relação das companhias com seus colaboradores, no que diz respeito à comunicação, diálogo e feedback.
O papel fundamental de um líder é acompanhar o desenvolvimento de seu time e, principalmente, identificar o que está dando certo e o que é preciso evoluir para a excelência do resultado. Uma empresa que não comunica suas mudanças para o grupo, que não consegue explicitar em palavras o desempenho de seu colaborador, sem dúvidas não se preocupa com a equipe, com a satisfação do colaborador e sua evolução no negócio.
Um profissional que erra e não evolui sempre gera impactos. Muitas vezes é preciso recalcular a rota, apontando falhas e garantindo que elas não se repitam — sem que uma atitude drástica como o desligamento seja o único caminho. Toda vez que um colaborador deixa o grupo, um desconforto e conversas internas entre os demais podem acontecer. Dúvidas e medo do que pode vir a acontecer com cada um que compõe o time também são comuns.
Além de uma maior carga de trabalho para as equipes que terão que absorver a demanda ou auxiliar na capacitação para o novo colega, desligamentos também geram investimento de novos processos seletivos. Antes de a demissão ser o caminho, as empresas precisam avaliar e considerar o potencial técnico, o engajamento e a entrega das equipes. Além de valorizar quem está contribuindo para o resultado, sinalizar com um feedback construtivo e desenvolver capacidades que estão em déficit são recursos importantes para uma corporação.
Não estou afirmando que a empresa tem que permanecer com profissionais que não entregam, muito pelo contrário. Mas se os processos estão bem definidos internamente, a comunicação deve ser clara desde a contratação — apontando responsabilidades e oportunizando espaço de troca e de amadurecimento profissional, enaltecendo os aspectos que agregam e os que estão aquém do esperado para a função.
E, se for o caso de uma demissão, o processo deve ser humanizado, além de atender todos os trâmites legais exigidos. Não pode ser algo frio como o que algumas pessoas têm manifestado, sabendo do seu desligamento por uma notificação, sem uma conversa clara e com olho no olho.
Seja qual for a situação do trabalhador, a premissa dos gestores deve ser de uma comunicação próxima e empática, evitando uma série de percalços no decorrer do caminho. Precisamos ser sinceros e apontar sem receio os erros. Isso gera oportunidades de mudanças positivas, crescimento pessoal, e, consequentemente, garante grandes resultados e aprendizados para o negócio. O diálogo sempre será o melhor caminho.