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Política

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2019 às 15:54

Moro diz cumprir determinação de Bolsonaro para investigar laranjas no PSL

'O presidente Jair Bolsonaro proferiu uma determinação e ela está sendo cumprida', afirmou Moro

'O presidente Jair Bolsonaro proferiu uma determinação e ela está sendo cumprida', afirmou Moro


MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/JC
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quinta-feira (14) que "está sendo cumprida" a determinação do presidente Jair Bolsonaro de investigar o esquema de candidaturas laranjas no PSL, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quinta-feira (14) que "está sendo cumprida" a determinação do presidente Jair Bolsonaro de investigar o esquema de candidaturas laranjas no PSL, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.
"O presidente Jair Bolsonaro proferiu uma determinação e ela está sendo cumprida. Os fatos serão apurados e eventuais responsabilidades, após as investigações, serão definidas", declarou Moro, depois de participar de um evento no qual apresentou seu projeto anticrime para membros da magistratura.
A crise dos laranjas foi alavancada na quarta-feira (13) pelo ataque do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, ao ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno. O ataque de Carlos -que acusou Bebianno de mentir- foi endossado pelo presidente, que compartilhou em rede social postagens do filho e negou versão do ministro sobre ter conversado com ele.
Segundo a reportagem apurou, Bolsonaro esperava que Bebianno já tivesse pedido demissão quando saísse do hospital onde esteve internado em São Paulo e chegasse à tarde a Brasília com trunfo para conter os impactos do caso.
Em entrevista ao Jornal da Record, concedida no hospital e exibida na noite de quarta, o presidente disse ter determinado a abertura de inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de candidaturas laranjas de seu partido e que, se Bebianno estiver envolvido, "o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens".
O ministro, por sua vez, afirmou à Globonews à noite do mesmo dia que não tinha intenção de pedir demissão e que eventual decisão caberia a Bolsonaro. "Até aqui minha relação com ele foi sempre a melhor possível, da minha parte tudo foi feito com honestidade, correção e vamos esperar para ver o que acontece", declarou.
Nomes importantes das bancadas do PSL no Congresso também se manifestaram e elevaram a tensão no partido, que está sob pressão após reportagens do jornal Folha de S.Paulo sobre a destinação de verba para laranjas na eleição.
"Se proceder alguma acusação, não dá para estar no time de confiança do presidente", afirmou o líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP).
Carlos Bolsonaro afirmou em rede social na quarta que o ministro mentiu ao dizer que conversou três vezes com seu pai no dia anterior -declaração que visava corroborar seu discurso de que não existiria desgaste. "Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: 'É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano [sic] que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro'", escreveu.
Mais tarde, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno. Além do ministro, que presidiu o partido em 2018, está no centro da crise o atual presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE).
Reportagem da Folha de S.Paulo do último domingo (10) revelou que o grupo de Bivar, recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. O dinheiro foi liberado por Bebianno.
Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, Bebianno era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), com foco em discurso de ética e combate à corrupção.
Apesar de ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.
A candidatura laranja virou alvo da Procuradoria, da Polícia Civil e da PF -Bolsonaro disse à Record ter dado "carta branca" para o ministro Sergio Moro para essa apuração. O presidente, por outro lado, evitou generalizar a crise. "É uma minoria do partido que está envolvida nesse tipo de operação."
Nesta quarta, a Folha de S.Paulo revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada -sem maquinário para impressões em massa. O ministro nega qualquer irregularidade.
Já nesta quinta-feira (14), a Folha de S.Paulo mostrou que uma gráfica de pequeno porte de um membro do diretório estadual do PSL foi a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas eleições.
Sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário na gráfica Vidal, que nunca havia participado de uma eleição e funciona em uma pequena sala na cidade de Amaraji, interior de Pernambuco.
O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) chamou Bebianno de "homem sério" e "responsável" e buscou amenizar a crise. "É como um time de futebol, nem sempre o lateral se acerta bem com o ponteiro, às vezes o cara da meia cancha demora a ligar com o atacante, que está sempre em impedimento."
Integrantes da ala militar do governo, que nunca aceitou bem a influência dos filhos de Bolsonaro sobre o pai, diziam considerar inaceitável um presidente lidar uma crise política por meio do filho e de vazamento em rede social.
Outra preocupação era que declarações conflitantes de congressistas do PSL sobre a condução do caso reforcem a impressão de futuras dificuldades na tramitação de reformas como a da Previdência.
O deputado Alexandre Frota (SP) afirmou que o seu partido "não passará a mão na cabeça de bandido". "Qualquer secretário, deputado, ministro envolvido em qualquer coisa, essa laranja podre vai cair."
Já a deputada Joice Hasselmann criticou Carlos Bolsonaro pelo ataque feito a Bebianno. "Não pode se misturar as coisas. Filho de presidente é filho de presidente. Temos que tomar cuidado para não fazer puxadinho da Presidência da República dentro de casa para expor um membro do alto escalão do governo dessa forma."
A posição foi reforçada pelo líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). "Governo é governo, família é família." Segundo o parlamentar, não se pode "crucificar um ministro em razão de um debate".
Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo ainda havia publicado que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou um esquema de candidaturas de fachada em Minas que também receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do PSL nacional e que não tiveram nem 2.000 votos, juntas. Parte do gasto que elas declararam foi para empresas com ligação com o gabinete de Álvaro Antônio na Câmara.
Após essa revelação sobre o ministro do Turismo, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu apurar o caso.
Folhapress
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