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- Publicada em 23 de Maio de 2019 às 20:14

'Adoção na Passarela' remete às feiras de escravos, dizem juízes

Agência Estado
A Associação Juízes para Democracia (AJD) repudiou, nesta quinta-feira (23), o evento "Adoção na Passarela" e o comparou às "feiras de escravos". Em nota pública, a entidade dos magistrados sustenta que o episódio - realizado em Cuiabá na terça-feira (21), pela Associação Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) em parceria com a Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional MT - "não só violou as garantias (das crianças e adolescentes), como expôs de forma duvidosa, para não dizer desumana, às graves situações de extrema vulnerabilidade emocional e social a que estão expostos".
A Associação Juízes para Democracia (AJD) repudiou, nesta quinta-feira (23), o evento "Adoção na Passarela" e o comparou às "feiras de escravos". Em nota pública, a entidade dos magistrados sustenta que o episódio - realizado em Cuiabá na terça-feira (21), pela Associação Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) em parceria com a Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional MT - "não só violou as garantias (das crianças e adolescentes), como expôs de forma duvidosa, para não dizer desumana, às graves situações de extrema vulnerabilidade emocional e social a que estão expostos".
No evento, 18 adolescentes no cadastro para adoção desfilaram em uma passarela instalada em um shopping. No entendimento dos juízes "o evento se assemelha mais a uma 'feira de adoção', expondo crianças e adolescentes como objetos, como mercadorias de consumo e, ademais, utiliza as crianças e adolescentes como instrumento de propaganda para os "parceiros"." AJD é uma entidade nacional composta por cerca de 300 juízes e juízas de diferentes segmentos do Judiciário, federais e estaduais.
Também em nota, a OAB/MT e a Ampara rechaçam as acusações. "Nunca foi o objetivo do evento, parte integrante de uma série de outros que compõem a Semana da Adoção, apresentar as crianças e adolescentes a famílias para a concretização da adoção." Segundo OAB e Ampara "a ideia da ação visa promover a convivência social e mostrar a diversidade da construção familiar por meio da adoção com a participação das famílias adotivas".
"Nenhuma criança ou adolescente foi obrigado a participar do evento e todos eles expressaram aos organizadores alegria com a possibilidade de participarem de um momento como esse. A ação deu a eles a oportunidade de, em um mundo que os trata como se invisíveis fossem, poderem integrar uma convivência social, diretriz do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária", afirmam a OAB-MT e a Ampara.
A Associação Juízes para Democracia, porém, tem uma outra avaliação do evento. "Nos termos propostos, a iniciativa nos faz retroceder no tempo e nas conquistas e nos remete às feiras de escravos." Os juízes entendem que "há várias outras formas e campanhas para adoção que não expõem as crianças e adolescentes e nem os revitimizam".
"No evento, além de serem ofertados como produtos, e não como sujeitos que são, corre-se o potencial risco de não serem adotados, mas serem revitimizados, gerando novo sentimento de abandono e lhes causando sérios impactos psicológicos, frustrações e dor pela rejeição", adverte o núcleo de magistrados.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, instaurou, de ofício, pedido de providência para que a Corregedoria Geral de Justiça do Mato Grosso preste informações a respeito de desfile de crianças que estão na fila de adoção.
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