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Geral

- Publicada em 23 de Maio de 2019 às 18:33

Escola Pública de Trânsito é projeto de Diza Gonzaga no DetranRS

Idealizadora da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga assumiu o desafio ser diretora institucional do Detran-RS

Idealizadora da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga assumiu o desafio ser diretora institucional do Detran-RS


MARCO QUINTANA/JC
Juliano Tatsch
O mês de maio é marcado pela mobilização em defesa da vida no trânsito. O movimento Maio Amarelo busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de acidentes, mortes e feridos nas vias públicas de todo o mundo. Somente no ano passado, as ruas, avenidas, estradas e rodovias do Rio Grande do Sul foram manchadas pelo sangue de 1.670 gaúchos que perderam a vida quando viajavam nas férias, iam visitar a família ou indo para o trabalho, dentro de automóveis ou caminhões, sobre motos ou bicicletas ou apenas atravessando uma rua a pé. Ou seja, 4,5 pessoas morreram no trânsito por dia em 2018 no Estado.
O mês de maio é marcado pela mobilização em defesa da vida no trânsito. O movimento Maio Amarelo busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de acidentes, mortes e feridos nas vias públicas de todo o mundo. Somente no ano passado, as ruas, avenidas, estradas e rodovias do Rio Grande do Sul foram manchadas pelo sangue de 1.670 gaúchos que perderam a vida quando viajavam nas férias, iam visitar a família ou indo para o trabalho, dentro de automóveis ou caminhões, sobre motos ou bicicletas ou apenas atravessando uma rua a pé. Ou seja, 4,5 pessoas morreram no trânsito por dia em 2018 no Estado.
É para tentar mudar esse quadro que Diza Gonzaga, idealizadora da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, assumiu o desafio de colaborar com o governo do Estado e levar para o Departamento Estadual de Trânsito (DetranRS) seus 23 anos de experiência na área de educação para a vida. Atual diretora institucional do departamento, ela quer criar uma Escola Pública de Trânsito e, assim, levar o tema para dentro das salas de aula. "Essa escola seria a grande formadora de professores e educadores em geral. O objetivo é criar uma cultura de segurança. Temos de nos guiar pelo melhor, e o melhor está na Suécia. Lá, eles têm cidades com mais de 100 mil habitantes com nenhuma morte no trânsito. Há cinco anos não há mortes em cidades com menos de 50 mil habitantes. Não tem mágica. Lá, nenhuma morte no trânsito é aceitável. Eles mudaram o paradigma", diz.
A intenção é que a Escola Pública de Trânsito forme educadores por meio de ensino a distância e aulas presenciais. Como está em fase inicial, o projeto ainda não definiu se haverá um espaço físico determinado para a instalação da iniciativa. "Eu acredito na educação e educação é processo. Quero que a Viagem Segura não seja somente um slogan. Estou trazendo para dentro do Estado a visão das pessoas de fora. Trazendo o olhar da sociedade para dentro do sistema. Quero colaborar com isso. É a minha missão", ressalta Diza.
Mortes nas vias gaúchas tiveram queda de 4,08% em 2018
O total de mortes do ano passado representa uma discreta queda em relação ao registrado em 2017, quando foram 1.741 óbitos nas vias – redução de 4,08% de um ano para o outro. O balanço foi divulgado na última semana pelo DetranRS. Considerando-se que houve um incremento na frota circulante - 106.979 veículos e 19.141 motos a mais - a redução na mortalidade é uma boa notícia. Os números, entretanto, ainda revelam uma tragédia diária silenciosa.
A redução nas mortes de 2017 para 2018 é celebrada por Diza. Entretanto, ela salienta que, para se ter uma certeza acerca de uma mudança sólida no cenário de violência no trânsito, é preciso analisar um período de tempo maior, de uma década. "O trânsito é muito dinâmico. Para podermos afirmar que está havendo uma tendência de redução, precisamos de 10 anos. Uma ocorrência isolada, um ônibus tombando, por exemplo, pode resultar em muitas vítimas e influenciar muito na estatística. Então, precisamos desse período de tempo maior para poder afirmar que o cenário está mudando", afirma.
Alta mortalidade de motociclistas pode estar ligada à formação 
O levantamento oficial mostra uma realidade que já é conhecida por quem trabalha na área de educação para o trânsito. Do total de vítimas fatais, 484 (29%) estavam conduzindo um veículo e 410 (24,6%), pilotando uma motocicleta (confira os dados completos na tabela abaixo). Os números, por si só, são altos, mas chama atenção o fato de a fatalidade entre motoristas ser próxima a entre motociclistas (apenas 18,04% maior), mesmo com a frota de veículos sendo muito superior à de motos. Em 2018, havia 4.135.423 automóveis e 1.161.934 motocicletas registrados no Rio Grade do Sul – ou seja, a frota em quatro rodas era 255,9% maior.
Os números, assim, apontam para um índice de mortalidade muito superior entre os motociclistas. "Isso é muito grave. E não adianta apenas se falar em fragilidade da motocicleta em relação ao carro. Há essa fragilidade, mas não é só isso. Também temos de falar e trazer para nós aqui no DetranRS a questão da formação. Isso é muito importante. É um debate que tem de ser aberto e não vou me furtar em fazê-lo. Temos de debater a formação dos motociclistas", destaca Diza.

VÍTIMAS FATAIS POR TIPO DE PARTICIPAÇÃO EM 2018

Tipo de vítima Quantidade %
Condutor 484 29,0%
Motociclista 410 24,6%
Pedestre 324 19,4%
Passageiro 302 18,1%
Ciclista 95 5,7%
Carona moto 38 2,3%
Não informado 12 0,7%
Carroceiro 3 0,2%
Outros 2 0,1%
Total de vítimas fatais: 1670
 Fonte: DetranRS
"Mulheres têm um instinto de preservação maior"
Outro dado importante revelado pelo levantamento do órgão estadual mostra como o trânsito vitima mais os homens do que as mulheres. Das 1.670 mortes em 2018, 78% (1.301) foram de homens e 22% (368), de mulheres. Se a análise tratar apenas de motoristas e motociclistas, as mulheres representa somente 7,61% dos óbitos (68 mortes de um total de 893).
O fato de a posse de um veículo ser bastante associada à masculinidade explica um pouco a razão desses números. Junto a isso, está o fato de, em uma sociedade machista e patriarcal, o carro ou a moto terem um papel de status social e estímulo a autoafirmação.
Para Diza, o percentual muito maior de mortes de homens se deve não apenas a uma maior conscientização feminina, mas também a uma questão biológica. "Nosso corpo está preparado para carregar uma vida por nove meses. Isso nos faz ter um instinto de preservação maior. Eu prefiro pensar isso a achar que as mulheres são mais medrosas e evitam uma direção mais arriscada em razão disso", afirma.
Mortes entre motoristas e motociclistas caem, mas sobem entre pedestres e ciclistas
Se, por um lado, há que se comemorar a redução nos óbitos no trânsito gaúcho em 2018 em relação ao ano anterior, por outro, o aumento na mortalidade entre pedestres e ciclistas preocupa. Enquanto em 2017 o número de condutores vitimados foi de 514, no ano passado passou para 484 – queda de 5,84%. No caso dos motociclistas, a diminuição foi de 12,4% (468 mortes em 2017 e 410 em 2018).
No entanto, no caso de ciclistas e pedestres houve um crescimento nos óbitos. Em 2017, foram 318 os pedestres que perderam a vida no Rio Grande do Sul em um acidente de trânsito. No ano passado, esse número subiu para 324. No caso de quem faz uso das bicicletas, o número de mortes passou de 84 para 95.
A diretora institucional do DetranRS aponta um grande vilão para o crescimento nas mortes entre pedestres: o telefone celular. "Os atropelamentos eram quase exclusividade das crianças, que não tem muita noção de tempo e espaço, e dos idosos, que perderam destreza. Os jovens entraram nessa estatística em razão do celular, que tira a atenção. O celular é um vilão no trânsito hoje", destaca Diza.
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