Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

JC Contabilidade

- Publicada em 12 de Março de 2019 às 16:46

Auditoria interna passa por momento de expansão no País

Gomes buscará consolidar a instituição como principal fonte de conhecimento e capacitação

Gomes buscará consolidar a instituição como principal fonte de conhecimento e capacitação


/IIA BRASIL/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Mello
Recentemente empossado diretor-geral do Instituto dos Auditores Internos (IIA Brasil), Paulo Roberto Gomes tem pela frente o desafio de garantir que a profissão conquiste mais reconhecimento no mercado nacional. Ele assumiu a entidade representativa em um momento em que o Brasil e o ambiente de negócios nacional investem na cultura da prevenção de fraudes e irregularidades.
Recentemente empossado diretor-geral do Instituto dos Auditores Internos (IIA Brasil), Paulo Roberto Gomes tem pela frente o desafio de garantir que a profissão conquiste mais reconhecimento no mercado nacional. Ele assumiu a entidade representativa em um momento em que o Brasil e o ambiente de negócios nacional investem na cultura da prevenção de fraudes e irregularidades.
"Nesta nova gestão, ampliaremos a credibilidade do IIA Brasil", salienta Gomes. O diretor diz que buscará consolidar a instituição como principal fonte de conhecimento e capacitação a fim de que garantir que os auditores estejam preparados para o eminente aquecimento do mercado. Essa é a primeira vez de Gomes à frente da diretoria executiva da organização. Ele conta que, nos últimos cinco anos, já havia participado ativamente de outras diretorias.
JC Contabilidade - Quais são os principais desafios da auditoria interna no Brasil?
Paulo Roberto Gomes - É necessário que os profissionais invistam em atualizações e certificações para estarem aptos a enfrentarem desafios como Big Data e Inteligência Artificial. Além disso, a Lava Jato mostrou que o auditor interno precisa ampliar o foco e também auditar contratos que envolvam entidades que tenham relação com sua empresa, principalmente se forem entidades ou companhias públicas. É preciso conhecer o negócio com profundidade, intensificar a atuação na chamada atividade-fim e gerar segurança nas informações que serão transmitidas à alta direção da empresa em que atua. Os profissionais terão de dar um passo além da proatividade e demostrar conhecimentos tecnológicos para dar respostas confiáveis a quem terá que tomar decisões estratégicas na companhia.
Contabilidade - E do IIA, enquanto entidade representativa da categoria?
Gomes - O IIA Brasil é a principal entidade de auditoria interna da América Latina e a 5ª maior do mundo. Realizamos também o maior evento anual da região, com 1.100 profissionais presentes no ano passado em Foz do Iguaçu (PR). Somos o emissor das principais certificações da carreira no mundo, concedidas pelo The IIA - The Institute of Internal Auditors. Um exemplo é o Certified Internal Auditor (CIA), que é a certificação internacional mais respeitada no mundo, quase compulsória na decisão de contratar um profissional. Além disso o IIA Brasil também é amplamente reconhecido por profissionais que atuam em compliance, gestão de riscos e por auditores externos.
Contabilidade - Você acredita que o serviço de auditoria interna prestado no Brasil está em um nível satisfatório? É semelhante ao de outros países em desenvolvimento?
Gomes - Sim, temos estruturas bem satisfatórias e somos referência tanto na América Latina como África e até em Portugal. O fato de termos um número de multinacionais em operação no Brasil, impulsiona as gestões para que elas tenham seus padrões de controles coesos e fortalecidos globalmente. Temos acesso ao que há de mais moderno em termos de ferramentas e certificações de auditoria. Contudo, há espaço para crescer e melhorar. O Brasil ainda precisa ter mais profissionais certificados e mais empresas com o selo QA - Quality Assessment, avaliação concebida pelo The IIA que confirma que as áreas de determinada empresa estão atuando de acordo com as normas internacionais da profissão. No Brasil, temos ainda apenas cerca de 20 empresas com o QA.
Contabilidade - No que o Brasil deve investir mais quando o assunto é compliance? Qualificação profissional, criação de legislações mais duras, valorização profissional ou outros pontos? Por quê?
Gomes - É preciso investir em capacitação tecnológica, em certificações profissionais e em disseminar a cultura de ações práticas. Há conhecimento sobre legislação, mas é preciso mais ações incisivas, fazer com que se cumpra a lei, efetivamente. A área de compliance existe há décadas, mas era conhecida com o nome de "fundamentação legal", que era usada para verificar se procedimentos seguiam as legislações vigentes. A maior parte dos profissionais que atuavam já eram auditores. Posteriormente vieram também muitos advogados. A qualificação profissional deve ser constante. São áreas nas quais as mudanças tecnológicas exigem atualizações periódicas.
Contabilidade - Legislações mais claras também são uma questão importante?
Gomes - Acredito que a legislação pode ser mais dura, mas ela já atende de forma satisfatória, haja vista a própria Lava Jato que conseguiu colocar grandes empresários e políticos na cadeia. Podemos endurecer mais, principalmente no que tange fraudes e corrupção corporativa, mas, se fizermos cumprir a legislação vigente, já teremos imenso avanço nos níveis de transparência e ética nas relações empresariais. É preciso punição para quem transgride e também para quem julga de forma irresponsável.
Contabilidade - Tudo isso tem tornado a profissão mais reconhecida?
Gomes - Com relação à valorização, sem dúvida, o auditor interno está cada vez mais valorizado no mercado. Nos organismos públicos, por exemplo, há centenas de profissionais em atuação no País, como no Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União. No setor privado, as áreas de auditoria seguem recebendo investimentos constantes. Há anos, as empresas passaram a enxergar que os auditores se tornaram estratégicos para seus negócios. Não apenas com relação aos balanços e pareceres dados por eles, mas também na economia gerada por ajustes em processos e pelo caráter consultivo que ele é capaz de fornecer, já que é hoje o profissional que tem visão holística da organização. A legislação também tem reconhecido a importância da carreira. Já é lei a criação de comitês de auditoria em determinados níveis de organizações. Acionistas e direção também sabem da importância de integração das auditorias ao chamado sistema de integridade - que contemplam áreas de controles internos e compliance.
Contabilidade - Quais os principais benefícios atrelados ao fato de contar com auditor interno?
Gomes - Elas terão suas operações mais sanas, com a governança corporativa fortalecida e certamente ganharão mais credibilidade diante do mercado. É a certeza de que profissionais estão zelando pelas áreas estratégicas da companhia. O auditor é o olhar da direção diante das operações e de tudo que tange à questão das áreas financeiras. Ter uma área de auditoria significa atuar de forma preventiva, a fim de evitar possíveis perdas por falhas de controle, além de fortalecer a gestão de riscos e ter a certeza de que as legislações serão cumpridas.
Contabilidade - Muitas organizações até reconhecem a importância, mas não sabem bem qual o momento de contratar um auditor interno. Que dica você daria a elas?
Gomes - No momento em que a direção percebe que não está dando conta de acompanhar as operações do dia a dia, é hora de contratar um auditor interno. Ao investir nesses profissionais ele terá segurança de que os números estejam corretos ou bem próximos do correto. Terá ampla visão da evolução dos resultados por meio de gráficos e relatórios precisos, além de poder contar com um profissional capaz de atuar como importante agente consultivo nas conduções estratégicas da empresa.
Contabilidade - Muitas organizações deixam para investir nesse profissional quando a situação já está fora de controle ou já é tarde demais? Ou normalmente as empresas têm a consciência de que é importante prevenir fraudes?
Gomes - Desde menino escuto a expressão "a ocasião faz o ladrão". Uma forma de testar a confiança no ser humano, colocando o próximo a uma situação em que ele possa optar por levar vantagens. Não significa que o auditor procure por ladrões em seu dia a dia, mas uma de suas principais missões é localizar falhas internas que possam representar significativos prejuízos para a empresa. A cultura da prevenção no País ainda está em desenvolvimento. É comum termos empresas pequenas e até condomínios que sofreram danos e vão atrás de auditores para apurarem possíveis fraudes ou desvios. Uma vez ocorrido, é muito difícil reaver perdas. Mas já é oportunidade valiosa para que a empresa ou organização possa começar em uma nova era, com mecanismos de controles internos, tendo um ambiente renovado e preparada para evitar futuras ocorrências.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO