Sobre o Autor
Jorgete Lemos é diretora Executiva da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços e diretora de Diversidade da ABRH-Brasil.jpg Foto: ABRH/ABRH/DIVULGAÇÃO/JC

Jorgete Lemos

Diretora executiva da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços e diretora de Diversidade da ABRH-Brasil

Empoderamento da raça negra

Por que os negros ainda são exceção em cargos executivos no mundo corporativo? Falar sobre a exclusão da raça negra no mundo do trabalho é sair da zona de conforto e provocar uma reflexão sobre questões que nos fazem repensar valores, atitudes e comportamentos.
Aqui, caberiam dados estatísticos da miséria, pobreza, violência, genocídio, todos coloridos de preto, mas pontuarei este dado: dos 12,3 milhões de brasileiros desempregados, 63,7% são negros. Lembremos o círculo vicioso: escolaridade de qualidade inferior, trabalho com baixa remuneração, dificuldade de aprimoramento educacional, marginalização e submissão.
Em 2010, do total de 190 milhões de brasileiros, 14 milhões se declararam negros e 82 milhões, pardos, representando 50,5% da população. Hoje, são mais de 55% e esse percentual vai aumentar cada vez mais impulsionado pelo "orgulho de ser negro".
Essa população, até então invisível, vem excluindo de vez a vergonha e o medo do seu posicionamento como cidadãos plenos, principalmente no ambiente de trabalho que ainda teima, em sua maioria, em receber afrodescendentes pela porta dos fundos. É nesse momento decisivo de acesso ao trabalho que muitos atribuem a responsabilidade pelas barreiras à inclusão aos profissionais de RH. Mas, se uma organização tem como política a inclusão com equidade, esta deveria ter sido disseminada à totalidade do público interno e externo e, também, ser monitorada e realimentada por compliance.
O que impede a trajetória racional desse processo? O preconceito, os vieses inconscientes armazenados em nossa mente, que respondem sempre quando nos confrontamos com situações que nos "ameaçam". Relacionar-se com seres humanos diferentes é ameaçador para aqueles que não tiveram a oportunidade de receber uma educação problematizadora, sendo moldados às verdades predominantes sem questionamentos à hegemonia imposta. E o relacionamento com a raça negra é um dos mais "ameaçadores". Foi assim enraizado em nossas mentes pelos mais diversos meios de comunicação - família, escola, sociedade, trabalho - e ultimamente ratificada pela mídia eletrônica, que testemunha uma quantidade incontável de agressões físicas e morais, culminando com crimes de morte praticados contra pessoas simplesmente por serem negras. Depende de nós trazer à tona esses vieses e realinhá-los à realidade deste século.
A estética se sobrepõe à ética. A sociedade, ainda, exige o branqueamento e é resistente ao uso de traços sociais, culturais e da história do afrodescendente. Cabelos e cores continuam sendo barreiras à contratação em algumas organizações. Na contramão desse cenário, a ABRH-Brasil tem feito abordagem do tema de forma constante.
Compartilhe
Artigos relacionados
Comentários ( )
Deixe um comentário

Publicidade
Newsletter

HISTÓRIAS EMPREENDEDORAS PARA
VOCÊ SE INSPIRAR.

Receba no seu e-mail as notícias do GE!
Faça o seu cadastro.





Mostre seu Negócio