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Porto Alegre, segunda-feira, 15 de maio de 2017. Atualizado às 22h03.

Jornal do Comércio

Panorama

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Palco Giratório

Notícia da edição impressa de 16/05/2017. Alterada em 15/05 às 17h15min

Trilogia Abnegação é destaque no Palco Giratório do Sesc

Trilogia Abnegação aborda a questão política no Brasil

Trilogia Abnegação aborda a questão política no Brasil


CACA BERNARDES/CACA BERNARDES/DIVULGAÇÃO/JC
Michele Rolim
Um dos mais destacados nomes da dramaturgia contemporânea brasileira, o paulistano Alexandre Dal Farra, do grupo Tablado de Arruar, desembarca no 12º Festival Palco Giratório com a trilogia Abnegação. Além do texto, Dal Farra, que esteve em 2012 na Capital com o espetáculo Petróleo, também assina a direção em conjunto com Clayton Mariano. As sessões ocorrem de hoje a quinta-feira, sempre às 19h, no Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665).
Com uma temática política que discute o comportamento da esquerda ao assumir o poder no Brasil, as peças são polêmicas e propiciam uma experiência estética radical. "No nosso caso, talvez o principal ponto da pesquisa da trilogia tem a ver com transformar os questionamentos que tínhamos na época da criação da peça na própria forma da peça. É importante que o assunto vire uma forma, e não que a forma dite o assunto. Na verdade, esse questionamento diz respeito à ideia de que não existe como falar de maneira neutra alguma coisa", avisa Dal Farra.
Em Abnegação I, se questiona a estrutura interna do poder. Cinco integrantes de um partido político (interpretados por Alexandra Tavares, André Capuano, Carlos Morelli, Vinícius Meloni e Vitor Vieira) precisam tomar uma decisão para se livrar de uma catástrofe que os ameaça. A reunião segue sem que ninguém, nem o público, tenha certeza do que verdadeiramente se discute. Apenas uma coisa fica clara: alguém terá que se sacrificar em nome da sobrevivência do grupo. "A ideia surge a partir de uma sensação em relação à política: de que existe algum lugar, inacessível, em que se tomam as decisões políticas. E isso deu ensejo a toda estruturação dramatúrgica", conta o autor.
Abnegação II - o começo do fim fala sobre a esquerda e suas próprias contradições. Traz como fio condutor o caso do assassinato do prefeito do PT de Santo André, Celso Daniel, em 2002, até hoje não solucionado. "Nesta peça ocorre o inverso: é o momento onde tudo é dito, explicitado, e mesmo assim nada se faz. Ela parte da morte de Celso Daniel, mas é uma peça ficcional, não tínhamos nenhuma pretensão documental. O que trouxemos foi um pouco da sensação que tínhamos ao ler as reportagens sobre o caso e, principalmente, os autos do processo, uma outra sensação em relação ao mesmo assunto e que transforma isso em forma", relata Dal Farra.
E, por fim, em Abnegação III - os restos são abordados os últimos anos do PT na perspectiva de famílias de diversas classes sociais, na qual algum membro dessas famílias é um personagem que tem algum tipo de ligação com a política. Segundo Dal Farra, "os restos" se referem aos que sobraram depois que esse partido e o que ele representava deixou de fazer sentido.
Para o autor, a ideia é que o público tenha que lidar com os espetáculos como algo provocativo, gerando, por vezes, até um incômodo real e, consequentemente, algum tipo de movimento. "Tenho uma certa sensação de urgência, de que as coisas têm que ser ditas quase que diretamente. Não dá para ter esse distanciamento, as coisas precisam se aproximar mais do público, se posicionar e provocar", afirma. E completa: "gosto de pressupor que o público está do outro lado, que ele não é neutro, e que ele precisa se posicionar em relação ao que você faz. É uma provocação nesse sentido: vocês estão aí? Estão escutando o que estou falando? O que vocês acham?", finaliza.

Trilogia Abnegação

Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665), às 19h.
Abnegação I (terça-feira); Abnegação II - o começo do fim (quarta-feira); e Abnegação III - os restos (quinta-feira).
Os ingressos são adquiridos no Sesc Centro e custam entre R$ 10,00 e R$ 20,00.
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