Veja as histórias dos primos que fundaram a BrazilJS, um dos maiores eventos relativos à linguagem, do casal que montou uma empresa de comidas orgânicas com a sogra e a relação entre os irmãos do Tirol

Negócios em família: a união faz a força


Veja as histórias dos primos que fundaram a BrazilJS, um dos maiores eventos relativos à linguagem, do casal que montou uma empresa de comidas orgânicas com a sogra e a relação entre os irmãos do Tirol

Felipe Nascimento de Moura, 31 anos, e Jaydson Nascimento Gomes, 32, são primos, programadores e os fundadores e mestres de cerimônia de um dos maiores eventos de JavaScript do mundo, a BrazilJS. Todos os anos, eles mobilizam desenvolvedores de diversos países e estados do Brasil em Porto Alegre.
Felipe Nascimento de Moura, 31 anos, e Jaydson Nascimento Gomes, 32, são primos, programadores e os fundadores e mestres de cerimônia de um dos maiores eventos de JavaScript do mundo, a BrazilJS. Todos os anos, eles mobilizam desenvolvedores de diversos países e estados do Brasil em Porto Alegre.
Felipe e Jaydson são parceiros desde a infância. Escolheram, inclusive, o mesmo curso de formação, de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, no Senac. O fato de terem pego a onda da linguagem JavaScript se tornando popular no mundo todo ajudou na expansão da BrazilJS a cada ano. “Ninguém no mundo faz um evento grande como o nosso e nesse formato”, afirma Jaydson, referindo-se ao modelo adotado – com um palco só, todos acompanham os mesmos painéis e discussões.
A 6ª edição, realizada no ano passado, teve 1,5 mil participantes, 23 painelistas (dentre eles, 9 mulheres), 16 horas de palestras e 20 patrocinadores. O primeiro evento ocorrera em 2011, em Fortaleza, para 600 pessoas. Da segunda edição em diante foi a vez de realizá-lo no Sul, e colocar a capital gaúcha no mapa de quem trabalha com a linguagem.
Nasc, empresa consultoria e treinamento para desenvolvedores web. Felipe de Moura e Jaydson Gomes
 Felipe e Jaydson cresceram juntos e fundaram a Nasc, empresa de consultoria e treinamento para desenvolvedores web 
O evento já trouxe para o país grandes nomes do mundo da programação e tecnologia da informação (TI), de empresas como Mozilla, Spotify, Google e MIT. Além do próprio autor da linguagem, Brendan Eich, em 2015 – ano de comemoração das duas décadas do JavaScript. Foi a primeira vez, aliás, que ele esteve no hemisfério Sul. Nesta ocasião, a mãe de Jaydson fez um bolo de 1,80m para comemoração, que 1,2 mil pessoas devoraram em minutos.
O engajamento dos guris na BrazilJS – tanto quanto dentro da comunidade de JavaScript – abriu portas para outros projetos importantes. A abertura da Nasc (prefixo do sobrenome deles), em 2013, empresa de consultoria e treinamento para desenvolvedores, as edições da RSJS, encontro similar aqui no estado, e o lançamento de um produto próprio, a EventLoop, plataforma de organização de eventos em fase beta, que está sendo testada nas inscrições da BrazilJS deste ano. Marcada para os dias 25 e 26 de agosto, no Barra Shopping Sul, a conferência já teve dois lotes de ingressos esgotados. “Ver a evolução deles juntos foi incrível”, arremata a mãe de Jaydson, Ana Lucia Nascimento Ramos, 50 anos.
Um dos fatos interessantes da parceria é o quanto eles agregam gente da família para trabalhar junto. O pai de Jaydson faz as estamparias das camisetas, o padrasto é aquele que ajuda em tudo, o famoso pau-pra-toda-obra (o que também cabe às esposas, sem exceção). A gráfica do cunhado é que faz os materiais impressos e o primo policial trabalhou como segurança particular na edição de 2016. Também sobrou para a avó dos dois, transformou materiais dos anos anteriores em 200 almofadas. “Passou um ano costurando, uma por uma”, conta Felipe.
Mas nada foi tão significativo quanto a presença das mães de cada um deles nos coffee breaks do evento, o que levou a mãe de Felipe, Ângela Nascimento de Moura, 54, que antes era dona de casa, a abrir uma microempresa especializada no serviço.
“Desde que eu era pequeno lembro delas nas funções de aniversários, organizando tudo, inventando. Aproveitamos algo que já era natural delas”, conta. A empresa, que está começando, atende coffee breaks e pequenas festas. “Quando ele era criança, eu sempre achei que meu filho sonhava muito alto. Hoje o que me preocupa é que ele está sempre trabalhando”, alfineta. Os fatos comprovam: 2017 haverá uma edição extra do evento, no Nordeste.

De bem um com o outro e com a natureza

Jonathas Barreto, 29 anos, e Amanda Di Giacomo, 31, cresceram juntos. Os dois começaram a namorar na adolescência, escolheram o mesmo curso superior, Biologia, tiveram um filho, o Gael, 2, e recentemente abriram um negócio, a Comidas do Bem. A empresa, que vende refeições orgânicas congeladas no Litoral Norte e Região Metropolitana de Porto Alegre, tem mais uma integrante. Da família, é claro. A mãe de Amanda e sogra de Jonathas, Beth Baron, 52.
"A minha sogra é como se fosse irmã da minha mãe, não tem aquela relação típica de sogra. A gente se dá muito bem. As relações não são às mil maravilhas o tempo todo, mas somos muito abertos e muito francos. Não tem picuinhas, se resolve tudo na hora. Não se leva nada para o lado pessoal", diz Jonathas, sobre compartilhar os desafios do empreendedorismo ao lado de pessoas tão próximas. "É difícil ver a gente falando de problemas. E é mais positivo trabalhar em família do que pode parecer. A gente tem liberdade um com o outro, eu prefiro", sentencia ele.
Por ambos serem biólogos, Jonathas e Amanda já haviam trabalhado lado a lado em diversos momentos ao longo de suas carreiras. Quando Gael nasceu, o casal estava morando no Espírito Santo, onde desenvolviam suas atividades profissionais. Foi a chegada do bebê que despertou neles o desejo de gerar mais acesso aos alimentos orgânicos.
"Vimos que há quantidades absurdas de veneno nas frutas e verduras. A informação é mais chocante quando passamos a alimentar o nosso filho", diz. A solução para que o pequeno pudesse se alimentar bem estava na Beth, que resolveu ir para o Espírito Santo ajudar os pais de primeira viagem na nova rotina. As refeições que ela preparava alcançaram tanto sucesso que virou negócio naquele estado. "As pessoas à nossa volta começaram a pedir as comidas que ela fazia para o Gael", lembra Jonathas.
Com o desejo de estarem mais próximos do resto da família e por enxergarem potencial para alimentação orgânica no Rio Grande do Sul, o trio voltou à terra natal - onde, inclusive, a matéria-prima é mais barata. Atualmente, Amanda e Jonathas moram em Imbé (para manter um estilo de vida menos acelerado), e Beth toca a produção em uma cozinha compartilhada dentro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). A Comidas do Bem é fonte de sustento exclusiva da família.
No cardápio, estão lasanhas, hambúrgueres, sopas, caldos, massas e sobremesas. As vendas ocorrem em oito pontos da Capital ou em facebook.com/comidasdobem.

Cada irmão com o seu restaurante

Este ano a tradicional rede de rodízio de filés Tirol, de Porto Alegre, faz 30 anos. E a comemoração é dupla, uma vez que seu Antônio Maria Borraz de Abreu Júnior, o "seu Abreu", completa 80. Foi com ele que começou a história que se espalhou para a vida dos cinco filhos, hoje à frente das 10 unidades do negócio, todas elas filiais.
Seu Abreu começou como investidor e idealizador do projeto, em 1987, enquanto um sócio do ramo gastronômico cuidava da operação. Mais tarde, com problemas na gestão e na falta de alguém para substituir, colocou os dois filhos mais velhos de sopetão na gerência. Aos poucos, os demais foram entrando e assumindo responsabilidades na matriz, que fica na rua José de Alencar, no bairro Menino Deus.
Até que, para respeitar a individualidade de cada um, tiveram de encontrar uma maneira de ampliar a empresa de forma que pudessem exercer a autonomia e manter o nome ao mesmo tempo. Com isso, nasceu a Tirol Unique, pensada para operar em shopping centers, administrada pelos filhos José Antônio (Zeca), Paulo Henrique (Quico) e Antônio (Júnior). Foram dois anos de pesquisa e alinhamento do novo cardápio para a inauguração, em 2007, no BarraShoppingSul.
Seis meses depois, uma nova unidade era aberta no Bourbon Country, e assim seguiu para o Total, Bourbon Wallig, Iguatemi e Praia de Belas. E não para por aí. Mais duas ramificações foram criadas a partir do negócio familiar, o Boteco Tirol, no shopping Paseo, da Zona Sul, e o Tirol Grill, na ampliação do Barra.
"O pai não acredita em vender o know how", expõe Júnior, formado em administração e responsável também pelo marketing da empresa. Por isso, o sistema de franquia não é cogitado no momento.
A matriz, de 750m², fica a cargo dos irmãos Marta e Augusto. Embora cada cozinha funcione sozinha, a troca de informações é permanente entre os restaurantes. Se falta algum produto ou chope, há trocas entre a família.
A regra número um de seu Abreu é a qualidade da comida. "Aqui, não existe a frase não tem. Se está no cardápio, precisa ter na casa", conta Marta. A segunda segue a mesma linha. "A número dois é não vender gato por lebre. Tirol é o filé da cidade", reforça o pai. Apesar de já ter deixado a administração da empresa há tempos, seu Abreu assume constantemente o papel de fiscalizador das operações, que funcionam de domingo a domingo. "Só fecha no Natal e Ano Novo", orgulha-se o precursor.