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Porto Alegre, domingo, 23 de abril de 2017. Atualizado às 19h52.

Jornal do Comércio

Panorama

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CINEMA

Notícia da edição impressa de 24/04/2017. Alterada em 20/04 às 20h19min

No rigor do inverno

Com estreia nesta semana, Vermelho russo destaca ida de amigas à Rússia

Com estreia nesta semana, Vermelho russo destaca ida de amigas à Rússia


BRUNO ALFANO/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
"Esse russo está destruindo meu ego." Assim foi intitulado o diário que a atriz e escritora Martha Nowill publicou na revista Piauí em 2009. Ela contava a experiência que teve ao lado da colega Maria Manoella na Rússia, onde ambas estudaram teatro durante um período. Agora a história pode ser vista no cinema - em uma recriação daqueles dias, com as próprias artistas nos papéis principais. Dirigido pelo carioca Charly Braun, Vermelho russo tem estreia nesta quinta-feira em Porto Alegre e outras praças.
O longa-metragem apresenta as duas artistas em momento de crise profissional. Em uma tentativa de reinvenção, as protagonistas enfrentam o inverno do extremo Leste europeu visando o aprimoramento da técnica Stanislavski de interpretação. No entanto, nem tudo se resume a nevascas, vodka, paixões russas, arte ou ao rigoroso professor do curso: as dificuldades encontradas por lá envolvem também o convívio extenuante e algumas questões sensíveis da amizade duradoura.
Charly Braun, que também tem trabalhos como ator no currículo, já conhecia as viajantes - e, na época, até cogitou fazer o mesmo curso no exterior. Quando leu o diário, identificou ali alguns dos mesmos pontos que o instigam como cineasta. "Me interessa muito esse 'lugar' em que as pessoas ficam quando estão fora do seus ambientes", explicou o realizador em debate após a sessão de pré-estreia na capital gaúcha, na semana passada.
Tanto seu filme anterior, Além da estrada (2010), quanto seu próximo projeto também giram em torno dessa ideia. Longe das zonas de conforto, os personagens revelam vulnerabilidades e variações de comportamento capazes de render conflitos à narrativa.
Martha e o diretor foram os responsáveis pelo roteiro de Vermelho russo, no qual adaptaram os episódios passados por ela naqueles dias. Entretanto, o destaque do diário era justamente o fato de dialogar com a realidade - e, chegando na Rússia, onde a obra foi inteiramente gravada, a equipe percebeu que o enredo do filme também precisaria conversar com o momento da filmagem.
Resultado de um processo de revisão, o longa que entra em cartaz nessa semana é uma comédia dramática que faz graça da situação das personagens sem deixar de lado os dilemas pessoais de cada uma das protagonistas. Com um tom documental e cheio de elementos da metalinguagem, a narrativa inclui até um realizador (papel de Esteban Colombi) que registra em vídeo a rotina do grupo de estudantes. Se tivesse acompanhado as colegas na viagem original, o próprio Braun gostaria de ter feito algo parecido.
Além de Martha Nowill (melhor atriz coadjuvante no Festival do Rio em 2013, por Entre nós) e Maria Manoella (O palhaço), o elenco conta com Michel Melamed e a atriz portuguesa Soraia Chaves. Estrela na televisão e cinema do seu país, a intérprete também esteve no curso realizado em 2009.
Já os russos têm como maior representante no filme Vladimir Poglalov - ator, professor e diretor que trabalhou como uma espécie de substituto do ministrante da oficina original. No enredo, ele é visto ensaiando com as atrizes cenas do clássico Tio Vania, de Tchekov. O verdadeiro e tirano professor não participou.
Rodado com baixo orçamento em um país de idioma estrangeiro - e em que poucas pessoas falam inglês, o longa-metragem só foi viável porque a equipe contou com apoio de produtores locais. A ideia inicial, por exemplo, era gravar a maior parte das cenas em um alojamento estudantil, mas o cineasta e os colegas não estavam encontrando um espaço apropriado e dentro da estimativa. A solução surgiu por sugestão de uma produtora ambientada à cidade: um retiro de artistas e técnicos do cinema soviético, que serviu como locação principal.
Antes da estreia nas salas comerciais, o filme passou por eventos como o Festival do Rio (2016), de onde saiu com o prêmio de melhor roteiro.
 
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