A história dos negócios começa com o desejo de um publicitário e um designer, em 2007, de criar uma editora que fosse diferente das outras e que pudesse dizer "não" a uma série de aspectos literários e de mercado. Daí surgiu a Não Editora, de Rodrigo Rosp e Samir Machado.
Com a ajuda de mais três amigos - Antônio Xerxenesky, Guilherme Smee e Luciana Thomé -, Samir e Rodrigo se dedicaram a publicar somente livros de ficção.
"A gente queria publicar uma literatura que fosse fora do tradicional, mas também queríamos desconstruir a ideia de que uma boa literatura é a marginal e que a que vende é lixo", diz Rodrigo. Para tornar esse estilo alternativo atraente e comercial, os sócios investiram na produção das capas, posicionando os livros nas prateleiras das livrarias e sempre se comunicando com o público.
Rodrigo, que também é escritor, se descobriu um bom "ficcionalista" quando tinha 12 anos, ao produzir uma redação para a escola contando sobre suas férias. "Todo mundo lá contando a monotonia das férias e eu contei que tinha ido para uma ilha deserta com meus amigos, e que as formigas assassinas tinham matado todos eles. Só eu tinha sobrevivido", lembra.
Durante a faculdade, a escrita foi ficando um pouco de lado, e ele se dedicou mais ao lado profissional. Trabalhou em agências de publicidade, primeiramente como redator, depois, como revisor. Foi nesse momento que o gosto pela escrita voltou à tona. A Não Editora era um projeto paralelo dos sócios e nenhum deles se dedicava inteiramente a isso. Rodrigo, no entanto, queria deixar as agências e se voltar à empreitada literária. Por isso, em 2009, decidiu, juntamente com Gustavo Faraon, criar a Dublinense. Esta operação daria espaço aos livros não ficcionais que não se enquadravam na Não Editora.
"A Dublinense veio para abrir um pouco mais o escopo de publicação e trabalhar com livros mais comerciais mesmo. A gente começou a publicar nacionais, em seguida publicamos um autor argentino. Depois, começamos com autores portugueses, uma série de alemães, livros de psicanálise, de negócio, de música, de esportes. Então, a Dublinense abriu um espaço que a Não Editora não tinha", expõe.
Em 2010, Rodrigo decidiu unificar as operações: a Dublinense comprou a Não Editora, passando a utilizar a mesma sede e a mesma nota fiscal. Mas ainda não era suficiente.
Rodrigo tinha vontade de dar espaço ao novo escritor que não se encaixava no perfil da Não Editora, dando origem à Terceiro Selo.
"A Terceiro Selo é o espaço de apostas da Dublinense", define. O grande diferencial das três editoras é, para ele, a proximidade com o autor. "Uma editora feita por escritores é uma editora que trata diferente os autores. Isso era uma coisa que sempre vi que parecia uma rixa entre editores e escritores. Eu sempre pude ser um editor que, antes de ser editor, é autor, e a gente recebe retornos positivos em virtude disso."
Com o crescimento das editoras, os sócios viram a necessidade de dar mais visibilidade ao trabalho, o que motivou a associação à Câmara Riograndense do Livro, em 2014. "A gente se associou à Câmara e aplicou a inscrição para participar da feira. O que levou dois anos. Só agora que a gente entrou", conta.
Nesta estreia, Rodrigo já percebe a importância do evento. "Aqui, o público está na nossa frente, a um metro de distância. Essa comunicação direta é a coisa que tem de mais sensacional e que eu não tinha ideia de quanto isso era intenso e possível", revela. Segundo o empreendedor, mesmo promovendo bate papos, eventos e palestras ao longo do ano para que os autores estejam mais visíveis e encontrem os leitores, nada se compara à quantidade de pessoas que passa pela Praça da Alfândega durante esses 19 dias.