Profissionais do Rio Grande do Sul apostam no equipamento para atrair novos clientes

Fotógrafos exploram mercados que voam alto com drones


Profissionais do Rio Grande do Sul apostam no equipamento para atrair novos clientes

A busca pelo ângulo perfeito é o que persegue muitos fotógrafos ou diretores de cinema. Nem sempre, no entanto, é possível colocar a câmera no lugar desejado. Ou melhor, não era. Esse problema vai ficando no passado graças à popularização de um equipamento que vem conquistando cada vez mais espaço no mercado audiovisual: o drone. O brinquedo de gente grande pode fazer com que as imagens e cenas antes presentes só em grandes produções se tornem mais comuns. Além disso, abre um campo de negócio.
A busca pelo ângulo perfeito é o que persegue muitos fotógrafos ou diretores de cinema. Nem sempre, no entanto, é possível colocar a câmera no lugar desejado. Ou melhor, não era. Esse problema vai ficando no passado graças à popularização de um equipamento que vem conquistando cada vez mais espaço no mercado audiovisual: o drone. O brinquedo de gente grande pode fazer com que as imagens e cenas antes presentes só em grandes produções se tornem mais comuns. Além disso, abre um campo de negócio.
É só abrir a maleta e começar a montagem do apetrecho para que alguns curiosos se aproximem. De longe, parece um brinquedo e que brinquedo caro. Controlá-lo exige cuidado e horas de aulas antes do primeiro voo. Quem diz isso é o fotojornalista Wesley Santos, que criou, há 18 anos, a agência Press Digital. Enquanto prepara o drone para decolar, ele explica como aprendeu a "pilotar". "Quando comprei o primeiro, nem tirava da caixa, consultei um amigo que operava aeromodelos, fiz cursos de aeromodelismo, curso básico em Porto Alegre e especialização no Rio de Janeiro", afirma. Hoje, o fotógrafo opera com facilidade o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), nome complicado para o equipamento que não chega a pesar cinco quilos.
Durante um trabalho na Arena do Grêmio, ele explica como surgiu a ideia de adquirir o equipamento, há aproximadamente cinco anos. "O plano inicial era usar um paramotor, espécie de parapente com uma hélice a motor. Inclusive, iniciei o curso de voo, fiz o batismo e algumas aulas, mas não concluí. Depois, pensamos em adquirir um zepelim ou um aeromodelo. Só no fim apareceu o drone, que não era tão popular e acessível como hoje", lembra.
Atualmente, Santos conta com quatro drones na agência. O primeiro custou cerca de R$ 6 mil. Já o último modelo adquirido arrancou mais de R$ 25 mil, mas o profissional garante que o investimento vale a pena. Tanto que, recentemente, sua agência foi contratada pelo canal americano Discovery Channel para trabalhar nas gravações do reality-show Survivor.
Elas aconteceram no Parque Nacional de Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul, e no Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins. O que fez ele conquistar o serviço foi a qualidade das imagens captadas pelo aparelho, em 4K (8,3 megapixels), quatro vezes mais do que o Full HD (2,1 megapixels).
"Esse modelo é muito semelhante ao usado por produtoras de cinema em Hollywood", compara.
Entre os trabalhos realizados mensalmente pela agência, um terço deles conta com o uso do drone. Fotografia e vídeo dividem igualmente a demanda, que vai de festas de casamento a vídeos institucionais e publicitários, muito relacionados ao setor imobiliário.
"As construtoras querem uma imagem diferenciada do seu empreendimento, algo que chame a atenção, o drone possibilita isso", explica. Inicialmente, a cobrança era feita pelas horas de uso do Vant, e Santos se baseava nos preços de voos de helicóptero. Depois, passou a cobrar por turno. Agora, o orçamento se baseia no tipo de serviço exigido pelo cliente.

O diferencial é de 360°

Fotos e vídeos em 360° conquistam cada vez mais mercado. Com a tecnologia é possível fazer um tour virtual pelos mais diversos lugares. Modelos mais modernos de drones, como o Inspire 1, que custa quase R$ 16 mil (sem baterias ou controles extras), são ideais para essa captação. E esse é um dos serviços mais realizados pelo jornalista Jefferson Bernardes, 42, dono da Agência Preview, fundada no início dos anos 2000.
Há um ano, ele adquiriu a maleta completa do Inspire 1 (com iPad, baterias, controles e hélices extras), desembolsando quase R$ 25 mil. Bernardes conta que o objetivo era claro: poder oferecer um serviço diferenciado. "Hoje, todo mundo pode ser um fotógrafo, graças às câmeras dos smartphones, mas trazer um ângulo diferente, agregado à qualidade do nosso trabalho, sempre é essencial."
Além das fotos em 360°, os serviços mais comuns na agência são vídeos institucionais e vistorias de grandes construções. "Com o drone nós podemos vistoriar toda uma obra sem sair do lugar. É uma economia para as empresas, que antes tinham de contratar escaladores industriais, um serviço que normalmente custa caro", explica o fotojornalista.
A agência também trabalha na cobertura de eventos e festivais do Estado, como a Expointer. Bernardes conta que o segredo para atrair os clientes está ligado à agilidade. "A gente tem essa pegada de misturar a agilidade do Jornalismo com a criatividade da Publicidade." O fotojornalista Gustavo Roth, 47, que trabalhou durante 12 anos na Folha de S.Paulo, oito deles como editor de fotografia, é um dos colaboradores da agência e complementa a fala: "Agilidade é essencial. Aconteceu, tem que estar no ar. A gente busca sempre isso".
Emmanuel Rosa, 19 anos, também é um dos colaboradores da Preview. Ele aprendeu sozinho a operar os drones e assumiu o papel de editor-multimídia da agência. Foi o garoto que ensinou Bernardes a operar o equipamento. Roth também está aprendendo a trabalhar com o Vant e brinca que o menino é capaz de "montar e desmontar os drones".
Sobre o retorno do investimento, Roth explica que, no empreendedorismo, investir é um risco necessário. "Uma hora aparece um trabalho no qual a gente precisa de um equipamento diferente, como o drone, por exemplo. Então, a grana daquele trabalho a gente investe nesse novo aparelhamento, mas os outros trabalhos que vêm depois, onde vamos usar essa novidade, é só lucro", considera.

Veja como funciona a permissão para pilotar o equipamento

Além dos cursos de aeromodelismo ou do aprendizado autônomo para operar o drone, é necessário estar atento a algumas regras. Não existe, no Brasil, uma regulamentação clara sobre os drones, mas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem determinações sobre o assunto, e o aparelho adquirido deve ser homologado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Duas entidades são referência: a Associação Brasileira de Multirrotores (ABM) e a Associação Brasileira de Drones (ABD). As regras seguidas por quem o usa comercialmente são parecidas com as determinações usadas no aeromodelismo. O Inspire 1 pode sobrevoar um raio de 8 quilômetros de onde está o seu operador e subir a uma altitude de até 500 metros.
Entretanto, não é recomendado voar sobre multidões nem ultrapassar os 120 metros de altitude. Os drones com menos de 2 kg devem voar a até 55 km/h. Acima deste peso (até os 25 kg), eles podem ir até 110 km/h. É expressamente proibido voar perto de aeroportos. Os equipamentos devem voar somente durante o dia e não podem fazer acrobacias. Acima dos 25 kg, somente em espaços segregados e com autorização especial da Aeronáutica.