O programa de imersão de inglês The Fools tem atrativos do inverno pertinho da Capital

Projeto educacional gaúcho propõe prática do inglês no sítio em frente à lareira


O programa de imersão de inglês The Fools tem atrativos do inverno pertinho da Capital

Ter a chance de praticar inglês, no convívio e no desafio de conhecer novas pessoas e se comunicar, não é só coisa de quem vai para o exterior. Há quatro anos, a experiência de imergir no idioma pode ser vivida a uma hora da Capital, em Novo Hamburgo, mais precisamente na localidade de Lomba Grande.
Ter a chance de praticar inglês, no convívio e no desafio de conhecer novas pessoas e se comunicar, não é só coisa de quem vai para o exterior. Há quatro anos, a experiência de imergir no idioma pode ser vivida a uma hora da Capital, em Novo Hamburgo, mais precisamente na localidade de Lomba Grande.
O The Fools é um local onde português não é permitido e a prática se dá até ao redor da lareira, com nativos de diferentes países. As refeições são dignas de postagens nas redes sociais, preparadas por chefs com itens orgânicos.
"Mais do que sobre inglês, isso é sobre educação", afirma Leonardo Alano, 30, um dos criadores da proposta. Isso porque a metodologia que leva à prática do idioma em tempo integral é baseada numa abordagem livre e diversa.
Toda vez que o sino toca, o participante pode escolher uma entre três atividades disponíveis. Tem para todos os gostos, desde aula de Tai Chi, culinária com preparação de cookies, yoga, carpintaria e um tour para conhecer a história do local e fazer colheita de frutas. Tem partida de frisbee e trilha pelo morro que contorna a propriedade também.
O vocabulário na língua estrangeira vai sendo aprimorado através das atividades e das conversas geradas a partir delas. O participante se engaja no que é do seu interesse e aprende sem sentir. Além disso, não há nivelamento: iniciantes praticam com avançados e vice-versa. 
O nome The Fools - os bobos, em português - vem da proposta despretensiosa de não se levar tão a sério.
No comando da iniciativa estão mais dois irmãos de Leonardo, Diego, 27, e Eduardo Alano, 29, e a espanhola Alicia Díez, 33, e Milena Escarrone, 26. Todos são fluentes no inglês, têm histórico de viagens internacionais e quatro deles moraram em Londres.
Eduardo Alano conduz workshop de carpintaria (tudo in English!)
O grupo faz parte da comunidade de 15 pessoas que vive em meio ao verde no Sítio Pé na Terra. Tudo começou como cooperativa de alimentos orgânicos na década de 1980, com o tio dos guris, Newton Ananta Alano, 65. A maioria do que é consumido por eles é também plantado no próprio sítio, sob a prática de permacultura.
Do início ao fim, o que a experiência no The Fools transmite são os valores de uma vida sustentável, colaborativa e em meio à natureza. Os beliches dos dormitórios (e tantos outros móveis), por exemplo, foram feitos na carpintaria da própria fazenda. O inglês que permeia tudo isso acaba sendo a cereja do bolo.
Aula de Tai Chi Chuan na manhã de sábado no The Fools
A imersão de final de semana acontece de sexta-feira a domingo, e o preço parte de R$ 660,00. O empreendimento tem uma parceria com o Hotel Ibis para quem quiser uma hospedagem mais sofisticada. Com cerca de 40 participantes por imersão, em 2015, 80% dos fins de semana tiveram agenda.
Entre as novidades que estão sendo implementadas há um escritório com as paredes de bioconstrução e novos dormitórios dentro de um container. Para Milena, o The Fools é "uma revolução educacional, em que as pessoas se empoderam de sua maneira de viver e do que querem aprender".

Caminho inverso

Os idealizadores do The Fools têm em comum a troca de uma grande cidade pela vida no campo. A decisão do casal Alicia e Eduardo – os últimos a chegar - de deixar Londres, por exemplo, veio com a gravidez do pequeno Noah, hoje com um ano e cinco meses. “Aqui, ele pode explorar livre e com mais autonomia”, diz Alicia, que viveu na capital inglesa por 14 anos. “As pessoas da cidade estão constantemente no rush e agitadas. Dar um passo para trás e aproveitar a natureza é fantástico para mim”, emenda. Para Diego, que trocou Floripa por Lomba Grande, a opção por mudar de vida já começa pela diferença em beber água natural, plantar o que se come e respirar ar puro. Leo, por sua vez, viveu em Londres por sete anos, estudava audiovisual, e nunca havia pensado em empreender. Até que a educação passou a ser um grande tema para ele, e o empreendedorismo embarcou junto. “É um bom balanço entre a vida isolada e a social”, Milena diz.
Tour na fazenda para explicar os conceitos do funcionamento
A propriedade, de 52 hectares, é de Newton ‘Ananta’ Alano, 65, tio dos guris – ou the uncle. Nos anos 1980, aos 34 anos, ele largou uma carreira ascendente como empresário do ramo calçadista para inverter a lógica da rotina que mantinha e iniciar a cooperativa. “Em 1988, entregávamos 370 cestas de vegetais por assinatura aqui em Novo Hamburgo semanalmente”, conta. Para ele, o estalo se deu quando, trabalhando em um escritório de vidro que dava para um jardim, o então executivo viu que queria mesmo era estar do lado de fora, não de dentro. “Quando uma coisa é muito importante pra você, você não decide. Acontece”, sentencia. Quando os sobrinhos quiseram iniciar o projeto e viver lá, deu carta branca. “Ele de certa forma é nosso mentor”, comenta Leo.