Através das redes sociais, as criações viram renda extra e as mantêm perto dos filhos

Mães empreendedoras transformam soluções caseiras em negócios


Através das redes sociais, as criações viram renda extra e as mantêm perto dos filhos

Renata Fraga, 27 anos, de Porto Alegre, sempre trabalhou como funcionária administrativa. Na gravidez da segunda filha, Maitê, em 2015, descobriu um novo nicho de negócio: começou a produzir ninhos de bebês e hoje recebe uma média de 15 pedidos por semana pelo Facebook e pela loja virtual do Ninho Baby.
Renata Fraga, 27 anos, de Porto Alegre, sempre trabalhou como funcionária administrativa. Na gravidez da segunda filha, Maitê, em 2015, descobriu um novo nicho de negócio: começou a produzir ninhos de bebês e hoje recebe uma média de 15 pedidos por semana pelo Facebook e pela loja virtual do Ninho Baby.
Quando Maitê nasceu, começou a procurar técnicas para a recém-nascida dormir com mais tranquilidade. Ela não queria passar pelas mesmas dificuldades enfrentadas com a mais velha, Valentina, hoje com cinco anos, que não tinha um sono agradável. Na busca, encontrou uma prática antiga que as enfermeiras utilizam: forragem dos berços com toalhas.
"Achei legal, mas dá muito trabalho, e eu gosto de coisas práticas. Até porque, com duas filhas, a gente precisa de soluções que não deem muito trabalho", admite. Pensando também nos outros pais que conhecia, resolveu desenvolver uma versão moderna da técnica descoberta em suas pesquisas. Foi assim que nasceu o Ninho Baby e, para Renata, uma nova carreira de negócios.
Trata-se de uma caminha acolchoada que serve como um limitador de espaço. Pode ser utilizada no berço, no carrinho, no colchão ou em qualquer ambiente. A ideia foi pensada para promover um sono calmo, remetendo à lembrança do útero (pela forma e conforto). A unidade custa R$ 120,00.
O trabalho alternativo já rendeu à Renata mais de 180 unidades vendidas, inclusive para outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e para o exterior, como Barcelona. Algumas solicitações chegam com meses de antecedência.
Hoje, ela conta com uma costureira que lhe ajuda na confecção, mas confessa que já está pensando em aumentar o grupo de trabalho. "Comecei com prazo de entrega de dois dias, agora é de duas semanas porque temos muitos pedidos."
A empreendedora afirma que todos os feedbacks que teve até o momento foram positivos. Informação, aliás, que lhe enche de orgulho. "Os clientes fazem questão de dizer que adoram, que foi uma mágica, que ajudou a criança a dormir, acalmou e até tirou a cólica", detalha. Ela ressalta, no entanto, que, em alguns casos, o choro não é causado por dores, e sim porque os nenês querem mais aconchego. "E é isso que o ninho faz. Por isso se sentem melhor", explica.
O produto é direcionado a crianças de até três meses, mas Renata garante que pode ser utilizado como um colchonete até um ano, uma vez que é possível abri-lo completamente. Ela também conta que muitos pais já pediram um modelo maior, para crianças a partir dos 12 meses.
"Quero fazer, mas, como são muitos pedidos, ainda não tive tempo. E há pais que já perguntaram se eu fazia em modelo adulto, para colocar em cima da cama", diverte-se. O objetivo da mãe empreendedora é expandir suas vendas, embora ela não queira perder a linha artesanal de sua produção.
"Eu adoro fazer um por um, como se fosse para minha filha, e depois receber o retorno dos pais", afirma. "Me deixa muito orgulhosa e até emocionada. Eu nasci para trabalhar em casa, estar envolvida com as minhas filhas, com a rotina delas. Acho que nasci para ser mãe e empreendedora", completa.
Renata revela que futuramente pretende ampliar seu leque de produtos, incluindo outros objetos para bebês.

Fique esperto!

Renata, que agora é pedagoga, estudou a origem do aconchego dos ninhos para entender por que o formato funciona. Ela explica que a prática das toalhas, por exemplo, tem origem na Teoria da Extero-gestação, que supõe a gestação de 12 meses - nove dentro do útero e três no mundo externo. Informações servem de defesa de venda. #embasamento

Cabaninhas: festas do pijama geram mercado

Frequente na lista de pedidos das crianças, as festas do pijama impulsionam o negócio da administradora de Porto Alegre Juliane Hammerschmidt, 33. No ano passado, ela criou a Colorir Ateliê de Cabaninhas - e hoje tem uma demanda de cerca de 10 pedidos por mês, que chegam pelas redes sociais, inclusive de outros estados.
A ideia surgiu com o nascimento da filha, Ana Luísa, de dois anos. "Eu queria achar uma cabana para ela, mas só tinha em São Paulo", diz Juliane, que credita à maternidade o fato de ter se tornado empreendedora. Formada em Administração de Empresas, ela divide a rotina das costuras com seu trabalho na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), onde tem um cargo administrativo na faculdade de Filosofia. Como os negócios estão indo bem, teve de contratar os serviços de uma costureira para ajudar. Caso contrário, entrava a madrugada acompanhada dos fios e tecidos.
Os preços das cabanas variam entre R$ 300,00 e R$ 350,00, e elas são produzidas em dois tamanhos: 1,20 m e
1,50 m. Uma das estratégias de venda usada por Juliane é a formação de parcerias. Tanto que trabalha em conjunto com uma amiga, Cristiane Rodrigues Aguinaga, que promove festas do pijama pela Arquitetando Personalizações & Decorações.
Para o segmento, elas organizam as festinhas - que acabam substituindo os aniversários tradicionais. Juliane fornece as cabanas em formato de aluguel, e a amiga faz a parte da decoração, colchonetes e alimentação.
"Uma festa assim não sai mais de R$ 2 mil. Já se os pais fazem uma festa tradicional, em uma casa de festas, o custo fica na média de R$ 7 mil", compara ela.
No início da produção, a empreendedora teve um investimento de R$ 2,3 mil - o que incluiu a compra da máquina de costura, os tecidos e as estruturas de madeira e plástico. Agora, ela participa de feiras, como a Mingau (itinerante), e tem suas cabaninhas espalhadas em pontos estratégicos, em Bento Gonçalves e no Colégio Leonardo da Vinci, na Capital. Juliane quer, ainda, que construtoras incluam as cabanas nos espaços kids dos prédios. E, para quem tem cães em casa, adianta: vai ter cabana pet.

Mais do que um espaço kids: lúdico e com cuidado de mãe

Quem tem filhos sabe o quanto é complexo convencer uma criança pequena a seguir os padrões de comportamento em um casamento, aniversário, formatura ou qualquer outro evento social "de gente grande". Os pequenos precisam ficar sentados, quietinhos e, muitas vezes, acabam brincando com um dispositivo eletrônico para passar o tempo. Como mãe, Luciane Brito, 35, já vivenciou isso e afirma: "tem vezes que no próprio convite dizem para não levarmos os filhos".
O drama foi a inspiração para resolver um problema pessoal através do empreendedorismo. No ano passado, ela trocou sua filha mais velha (Fernanda, 13) de escola para que tivesse um ensino melhor. Mas, por outro lado, a menor (Júlia, oito) não tinha companhia à tarde. Não querendo deixá-la sozinha em casa, precisou largar o emprego como coordenadora de qualidade, e se dedicar exclusivamente às filhas. Após três meses parada, procurava algo que pudesse lhe satisfazer profissionalmente sem abrir mão das meninas.
Assim, em agosto de 2015, nasceu o Gurizada Faceira, um espaço kids para eventos sociais, que funciona, na maioria dos casos, em fins de semana e, por isso, não interfere na rotina de Luciane. Hoje, ela fatura cerca de R$ 5 mil por mês, quatro vezes mais do que quando era funcionária - e os contatos são feitos a partir do Facebook. "Estou realizada, porque acredito no projeto", declara. O negócio trata-se de um espaço infantil que trabalha o lado lúdico e propõe brincadeiras simples e analógicas, não utilizando eletrônicos. São disponibilizados brinquedos, livros infantis, materiais para desenhar, massinha de modelar, jogos, entre outros itens.
O carro-chefe é o setor de casamentos, mas ela conta que já foi procurada e realizou outros eventos, como festa do pijama, bailinho de Carnaval, aniversário infantil, chá de bebê, festa à fantasia, casamento fora do País (Uruguai). Frequentemente, monta espaços em restaurantes parceiros também. Todos os sábados do mês de abril, ela marcou presença, por exemplo, no PPKB Kitchen & Bar. Conforme o responsável pelo marketing e eventos do local, Tiago Haas Reichert, o número de clientes aumentou significativamente por conta da iniciativa.
A empreendedora explica que existem espaços infantis mais voltados para atividades físicas, como brinquedos infláveis e cama elástica, mas a proposta do seu negócio é proporcionar um local calmo, trabalhar com a criatividade da meninada e incentivar a interação entre eles. Após mais de 15 eventos, Luciane diz que o Gurizada Faceira serve também como uma oportunidade de aproximação entre pais e filhos.