Os anos de experiência no varejo fizeram a estilista Wallery Mendonça, de 29 anos, refletir. Não queria ser empregada para sempre. Formada em Moda pelo Senac, seu desejo era ter a própria marca de roupas. Com um investimento de R$ 5 mil em maquinário e tecidos, ela e o marido – Guilherme Charão, 32 – tiraram o sonho do papel. Fundaram, em 2011, a
Wall Mends, marca inspirada no apelido de Wallery.
A grife se propõe a agradar as mulheres com looks românticos e criativos, de aspecto retrô mas, ao mesmo tempo, contemporâneo. São vestidos, saias, camisas e blusas, todos com alto nível de exclusividade. Raramente ultrapassam 15 peças por modelo. A estratégia tem a ver com o uso no dia a dia. “Queremos que as clientes tenham peças de ‘favoritas’, vestindo sempre que quiser e não só uma vez para depois esquecê-las no armário”, explica Wall.
Se por acaso a cliente não encontrar um modelo ou tamanho desejado, não há problema: a loja customiza o item do jeito que ficar melhor – do PP ao GG. “Se alguém comprar uma peça e for emagrecendo ao longo do tempo, a gente garante o ajuste de forma gratuita quantas vezes precisar”, promete a estilista. A loja fica no segundo andar do shopping Praia de Belas, na Capital, ao lado do Bistrô Variettá.
Até chegar ao shopping, o casal precisou vencer algumas etapas. Primeiro o negócio informal: no princípio, as peças eram vendidas apenas para amigos e colegas de trabalho. “Isso nos rendeu frutos a tal ponto que, ao equipararmos os salários, como empregado e empreendedor, optamos por nos dedicar à marca”, conta Charão.
Logo após profissionalizar o registro, Wall e o marido passaram a negociar as peças com algumas lojas de forma consignada. Isto é: só recebiam dinheiro pelo que era vendido. As peças que não saiam das vitrines acabavam migrando para uma espécie de outlet virtual. Somando o e-commerce, a marca chegou a ter oito pontos de venda.
Após a euforia da Copa do Mundo, em 2014, Wall e Charão decidiram abrir uma loja própria. Escolheram o bairro Moinhos de Vento para a sede. Eles acreditavam que a região mantinha exatamente o seu público-alvo. “É uma área cheia de agências criativas e alto poder aquisitivo”, comenta Wall. Mais tarde, após a estreia da loja nas dependências da galeria Florêncio Ygartua, o casal concluiu que aquele público é “muito apegado às grifes internacionais e não se deixa levar pela inovação de um produto local”.
Com a operação fraca na galeria, não foi difícil aceitar um convite recebido da gerente de mix de varejo do Grupo Iguatemi, Carla Zen: levar a loja para o shopping. Os bastidores dessa negociação você confere na matéria de capa do GeraçãoE desta semana, que aborda os atrativos para abrir o negócio próprio dentro de um shopping center.
Wall e Charão não se arrependem da decisão. Desde a inauguração no Praia de Belas, em 4 de dezembro passado, o faturamento da empresa quadruplicou de tamanho. A consequência, eles dizem, é um reforço no caixa para reinvestir. “A gente tem wi-fi grátis e espaço para os acompanhantes aguardarem durante a compra”, cita Charão.
Com a aproximação das estações mais frias, a ideia é apostar em jaquetas, casacos e cardigans. “Não penso mais em sair do shopping”, se derrete Wall. “Já estamos até pensando em abrir uma segunda loja no Iguatemi.”